Você já sentiu que estava perdida? Como se tivesse saído do caminho e não conseguisse enxergar uma direção clara? Se sim, quero que saiba: está tudo bem se perder. Na verdade, perder-se pode ser um presente disfarçado, um convite da vida para olhar para dentro e reencontrar-se de uma forma mais autêntica.
A Ilusão do controle
Vivemos em um mundo onde a previsibilidade nos dá uma falsa sensação de segurança. Fazemos planos, criamos expectativas e tentamos controlar cada detalhe da nossa jornada. Mas, e quando tudo sai do roteiro? Quando a vida nos tira o chão e nos vemos sem bússola? Muitas vezes, sentimos medo, ansiedade e até frustração. Mas será que nos perder significa estar errando?
Se olharmos para a natureza, veremos que o rio não traça um caminho reto; ele serpenteia, encontra obstáculos, se espalha e se recolhe. Ainda assim, ele segue fluindo, encontrando sua própria forma de chegar ao destino. Nós, assim como o rio, não temos um trajeto único e fixo. Nossa jornada é feita de desvios, paradas inesperadas e recomeços.
“Já me perdi tentando me encontrar, já fui embora e nem querendo voltar…” 🎶 (Trecho da música “Dona de Mim”, de IZA)
Quantas vezes achamos que estamos no caminho certo, apenas para perceber que aquilo já não nos preenche mais? Que a estrada que antes fazia sentido agora parece apertada demais para quem estamos nos tornando?
Perder-se é um convite à pausa. É nesse momento que somos chamadas a silenciar a mente e ouvir a voz da alma. No barulho da rotina, raramente paramos para perguntar: Estou vivendo de acordo com o que realmente quero? ou Estou apenas seguindo um roteiro que me ensinaram?
A ostra, quando ferida por um grão de areia, não luta contra ele. Ela o envolve em camadas de nácar até transformá-lo em uma pérola. Da mesma forma, quando nos sentimos perdidas, temos a chance de acolher essa sensação e transformá-la em algo precioso.
A arte de renascer
Toda mulher que se encontrou, antes se perdeu. Foi no fundo do poço que muitas descobriram forças que nem sabiam que tinham. Foi na escuridão que aprenderam a acender sua própria luz.
Se hoje você se sente sem rumo, saiba que isso não significa fracasso. Pelo contrário, pode ser o início de uma nova versão de você mesma. E quando finalmente encontrar seu caminho, verá que cada desvio fez sentido, que cada dor moldou sua força e que cada incerteza abriu espaço para um novo começo.
Permita-se perder para se reencontrar. A jornada pode ser incerta, mas a descoberta de quem você realmente é será o seu maior tesouro.
E lembre-se: você não está sozinha.
Referência:
IZA. Dona de Mim. Álbum Dona de Mim, Warner Music Brasil, 2018.